sábado, 8 de agosto de 2009

Ecos do Cativeiro






Em 2001 Ricardo Mariano analisou o crescimento evangélico no território brasileiro, em sua tese de doutorado ele credita o crescimento dos neopentecostais e sua ação predatória e demonização aos cultos Afro a perda destes fieis das Afro Religiões, pastores se apropriaram de rituais da Umbanda e do Candomblé para suas praticas religiosas, contudo o crescimento da Afro-Religioso na capital paranaense vem crescendo a passos lagos, em 1983, o IBGE apontava cerca de 3.580 tendas e terreiros na capital leite-quente, hoje já passam de 7.500 sendo estes cerca de 70 Ilês(casas) de Candomblé, nesta simbiose religiosa negros migram para religiões evangélicas e cada vez mais brancos freqüentam as Afro-Religiões.
Contudo a história do negro na capital paranaense ecoa muito antes do século vinte, o estado do Paraná possui cerca de 250 senzalas em excelente estado de conservação, em Conceição dos Correias na cidade de Campo Magro região metropolitana de Curitiba a uma destas senzalas que demonstra o uso do trabalho servil na capital paranaense até o final do século dezenove, e sua forte ligação com a Afro-Religiosidade, contudo o que faria da capital paranaense ter vergonha de assumir suas origens africanas?
Na capital paranaense bairros nobres como Shampagnhat e Santa Felicidade tem forte influencia da curimba, em contra partida bairros tradicionais na Afro Religião como Bairro Alto e Boqueirão vem perdendo terreno para os cultos pentecostais, Babalorixas e Yalorixas mais antigos tem a razão para isto acontecer, segundo os mais tradicionais e que resguardam suas raízes como Mãe Marlene de Souza e Iya Gunna, o problema esta na falta de união entre os integrantes dos cultos africanizados, esta troca de farpas em tentar mostrar quem é melhor que o outro, segundo Mãe Marlene, os Orixás desde Orunmila ( o Deus da criação) e os outros Orixás não necessitam do homem, o homem é quem os busca.

Das místicas impostas pelo cristianismo e falta de cultura e informação da população de modo geral muitos mitos e termos viram realidade, como o termo macumba que hoje é ligado à feitiçaria, macumba nada mais é que a dança ou o instrumento através do qual se dança aos Orixás, o termo Umbanda também causa medo em muita gente só de ouvir falar, oficialmente reconhece-se o dia 15 de novembro de 1908 como sendo a data do surgimento da Umbanda no município de São Gonçalo no Rio de Janeiro, religião criada por Zélio Fernandino de Morais difundida em todo o Brasil, do alfabeto adâmico se encontra a origem do termo UM=Deus, Banda=Povo. O Candomblé sofre há mais tempo com o preconceito imposto ao negro no Brasil, o Sociólogo Reginaldo Prandi reuniu 301 mitos em seu livro Mitologia dos Orixás que explicam suas crenças e fundamentos, o Candomblé nada mais é que um tipo de atabaque (Candonbé) usado pelos negros de Angola ou também em sua raiz fonética (Candonbidé) o ato de louvar ou pedir por alguém ou alguma coisa.Em suma segue a cultura e crenças africanas acorrentadas como a velhas senzalas da capital paranaense, parecem vazias contudo seus segredos e costumes tem de seguir o Deus empresarial.

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