sábado, 20 de junho de 2009

A evolução através do retrocesso.






Tenho saudades do tempo da maquina de escrever, saudades de um tempo que em que era necessário ter talento e não apenas um rostinho bonito pra se dizer jornalista, sou cria do radio e tenho o jornalismo bebendo da mesma fonte em minhas veias, desde muito cedo tenho a consciência que jornalista se é, não se cria, não a formulas milagrosas em tubos de ensaio nenhuma teoria da relatividade poderia explicar a magia que envolve cada linha ou lauda de um texto bem escrito. A grande maioria das pessoas aprende que um bom texto tem começo, meio e fim, a nata do bom jornalismo sabe que um bom texto tem coesão e coerência, escrever é bem mais que contar histórias, escrever é relatar fatos, fazer com que você esteja no local descrito como nestes contos ou lendas que te fazem estar no impossível ou no imaginável, jornalismo vem do espírito, gostar de estar bem informado, sempre curioso, alem de escrever, ter na leitura uma fome insaciável na busca de algo novo.
No ultimo dia 17 de junho foi por terra à obrigatoriedade do diploma de jornalismo para exercício da profissão, segundo o STF (Supremo Tribunal Federal), em votação vencida por oito a um e dividindo opiniões em todo o Brasil, cai por terra um dos últimos resquícios da ditadura militar e que já durava 44 anos, teremos de reescrever nossa trajetória, vislumbrar novos horizontes. A Federação Nacional de Jornalismo questiona, as universidades protestam, as diferenças básicas são, de um lado a preocupação com a qualidade dos profissionais que viram, do outro, em media R$ 800,00 mensais a menos em caixa por aluno.
Mas faculdade forma bom jornalista? A bem da verdade não e os exemplos são incontáveis entre formados e os aceitos por “direito” a segunda categoria leva grande vantagem, Rui Barbosa, Assis Chateaubriant, Arnaldo Jabor, Boris Casoy, entre outros, agora tente você lembrar de um bom jornalista por formação acadêmica, tudo bem que os exemplos citados apesar de não terem formação acadêmica, tem formação cultural e intelectual privilegiada, e nosso futuro agora esta neste caminho, pois como já dizia Dalai Lama “A mente é como um pára-quedas, funciona melhor quando aberto”, e a nossa necessidade de buscar conhecimento é a mesma.
Nunca foi necessário freqüentar os bancos universitários para se ler e entender Émilie Durkheim, pai da sociologia moderna e um dos principais alicerces da sociedade que conhecemos, o que não significa deixar o aceso a universidade, a escola superior da base sustentável ao profissional de mercado, pena o curso de comunicação social com habilitação em jornalismo não ter se enquadrado nas diversas realidades de mercado. As novas ferramentas em uso não são tão bem utilizadas, ou pelo menos, não como deveriam, desde o msn até Twitter são ferramentas que ate mesmo os acadêmicos não sabem como utilizar, a nova comunicação tem caminhos desconhecidos para a grande maioria dos acadêmicos e para olhar e entender a nossa evolução às vezes é necessário olharmos nosso passado, buscar não apenas o que somos, mas também como chegamos aqui.
Às vezes me perco entre caminhos não sei se devo ser Jó e ter uma fé sega na vida que escolhi viver por mais amarga que esta seja, talvez deva ser mais um pensador em meio à multidão cética de pseudopensadores, não sei o quanto vou conseguir mudar. O que sei é que este retrocesso na verdade é um pregresso, tudo fica mais claro à medida que emissoras de TV da prepotência das organizações Globo mostram o medo nos olhos pelo futuro que a por vir, momentos como estes me fazem lembrar Mario Quintana e seu legado dito em palavras, ”todos estes que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão, eu passarinho!”.